Carmem Lucia Teixeira[i]
20 de junho de 2013. Acabei de chegar
em minha casa. Estava com um grupo do CAJUEIRO (um Centro de Formação e
Assessoria, especialmente direcionado à juventude) na manifestação por um Brasil melhor, no
centro de Goiânia. Impressionante! Um
momento histórico na vida deste nosso país. A quantidade de jovens e o modo de
manifestar são novos.
Lembro-me de ter participado de
diversas manifestações, de campanhas eleitorais como foi, por exemplo, a do
Lula de 1989, o Fora Collor, entre
outras. Nada se compara... Há uma solidariedade no ar! As pessoas, em sua
maioria, estão por grupo. Foram convocadas pelas redes sociais para sair para a
Rua, por isto move-se em Rede.
O que moveria, desse jeito, o povo
para as ruas? O governo de Goiás já recuara
antes da manifestação começar. Já determinara a volta do valor da passagem. Nada disto acomodou o povo. A iniciativa de
caminhar e estar na rua tinha sentidos mais profundos. No caminho íamos cumprimentando
e sendo cumprimentados: parecia que todos se conheciam.
As manifestações têm um caráter de
rede com vários pontos. Inclusive com carros de sons espalhados. O mais
interessante são pessoas organizadas em pequenos grupos, cada uma com seus cartazes.
Fiquei pensando no movimento de preparação para o ato. É preciso decidir a
frase, a letra e a forma como este grito será dito.
Quando as vozes se fazem ouvir, dá a impressão que o povo saiu das redes
sociais e ocupou as ruas. Varias pessoas postando suas mensagens; pessoas
fotografando, ou curtindo. Alguns param nas ruas, outras andam. Todo o centro
de Goiânia foi palco para o grupo se apresentar.
As instituições também se manifestaram:
cancelou-se o ato publico de celebração do PT com a vinda do Lula; o Estado dispensou
todos os funcionários ao meio dia; a policia fechou a Assembleia Legislativa ao meio dia e reuniu-se com suas lideranças no
dia anterior para informar sobre a operação do dia no manifesto. Havia, no
terminal da Praça da Bíblia, próximo de minha casa, dezenas de carros da
polícia. Toda a Praça Cívica cercada com
um cordão humano de policia. O que
significa tudo isto? Uma maioria de jovens que saem de casa pela primeira vez
ocupam as ruas. Alguns, na manifestação, diziam: “É a primeira vez, estou
tremendo de medo”. Porém, permaneciam na manifestação. Enfrentar o medo, sair às
ruas, manifestar suas opiniões, lutar por várias causas. Um movimento político
porque traz as causas que são de todos/as: transporte, educação, saúde, combate
à corrupção e tudo que o povo sabe...
Estar neste movimento e viver a
emoção de ver os/as jovens, em sua maioria quase absoluta, na rua, e sentir a consciência da força popular nenhum
livro, nenhuma escola tem possibilidade
de oferecer. É, de fato, uma mega-aula de cidadania. Há cheiros de primavera, com
várias flores brotando.
Tudo isto que estamos vendo, não
nasce do nada. Foram quantas conferências: Direitos Humanos, Juventude,
diversidade, saúde, assistência, educação.... Assim como não podemos esquecer os Fóruns Sociais
Mundiais, a Cúpula dos Povos, os Encontros de Formação dos Movimentos Sociais,
o Movimento Estudantil... E digo, com esperança, que a formação oferecida pelo CAJUEIRO,
ofereceu também, sementes para plantar este movimento de sair de si, para
enxergar o mundo. Isso alegra o coração.
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