quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Betânia: A Casa da Amizade





Do cuidado entre Jesus, Marta, Maria e Lázaro 

“Vejam como ele o amava”.  [Jo 11,36] 



Como é fantástico poder caminhar. Sabendo que o caminho é sempre novo, a partir de
nosso olhar para ele. Triste quando nos achamos prontos e com o caminho feito. É lindo ver a
novidade de cada passo, de cada movimento. Sim, às vezes cheios de pedras, cheio de buracos,
cheio de contradições. Assim caminhamos. E nós, caminheiros do Reino, na vontade imensa e
intensa de seguir Jesus, estamos em rumo para Jerusalém, caminhando, durante esse ano de
2013 por Betânia no sentido de vivenciar e saborear a vida da juventude nos passos do Mestre
querendo ser, também, seus amigos e amigas.

Na juventude vamos descobrindo, em nossas muitas “betânias”, o mistério mais profundo
da amizade. Sentimento e vivência que nos invade e que toma conta de nós, nos marcando
profundamente. Na mística do caminho, o amigo, a amiga, são aqueles que fazem o movimento
conosco, do nosso lado, mesmo distantes. É o caso, por exemplo, da amizade de Jesus com
Lázaro, Marta e Maria, moradores de Betânia. Jesus sempre fazia questão de passar por lá,
mesmo quando próximo da Sua Páscoa, a multidão de seguidores e seguidoras já o exprimia, ao
passar pelo povoado, acenava, olhava, sorria para aqueles moradores, daquela casa em que ele
fazia a sua casa.

Jesus, como jovem, foi descobrindo o mistério da amizade. E Betânia foi na vida do Mestre
de Nazaré, lugar da amizade. Casa da amizade. Casa de amigos/as. Casa de escutar. De falar da
vida. De conversar. De rir. De desabafar. De comer e de beber. De partilhas. De chorar. De
chorar pelo amigo que morre. De restituir a vida. De gerar mais vida junto com seus amigos.
Betânia é na vida de Jesus, casa de amigos/as, lugar da aventura neste mistério.

A amizade nos torna mais humanos. Mais sensíveis. Mais das “entranhas”. É um constante
sair de nós mesmos para amar o outro/a outra. Para cuidar. Para ter mais segurança. As
comunidades de João contam no Evangelho, capítulo 11, um belíssimo relato de Jesus no
encontro com o amigo Lázaro morto. É um dos trechos mais lindos no que diz respeito à
humanidade de Jesus. Ao perceber Maria chorando a morte do irmão, se comove
profundamente e chora. Pena. Compaixão. Pranto. Perder o amigo é perder a si mesmo. Se por
um lado a fragilidade aflora, por outro é nesse momento que Jesus revela seu poder: “Eu sou a
ressurreição e a vida” (Jo 11,25).

A juventude vive essa mesma aventura, em suas muitas “betânias”. O que é amizade? O
que é amizade pros/as jovens? Como os/as jovens a vivem? Como encarar os desafios do dar-se
a si mesmo e acolher o outro/a? A amizade tem cheiro de encontro, de companheirismo (comer
do mesmo pão), de parceria, de cuidado, de festa, de aventura, de emoção, de amor, de
liberdade, de colo, de afago, de abraço, de beijo, de olhares e silêncios. Nada é mais dolorido de
que a traição de uma amizade. A traição da confiança. Jesus, Lázaro, Marta e Maria nos ensinam,
igualmente, que a amizade não deve ser mercadológica, nem instrumental. Sem segundas
intenções.

A Pastoral da Juventude, nos grupos de jovens, é espaço de amizade na vida dos/as
jovens? Como potencializar isso? Como vamos tecendo amizade na PJ? Como são estabelecidas
as relações? Como vamos refletindo amizade com os/as jovens? A pedra que separava Jesus do
amigo morto no túmulo foi rompida pelo amor. Como estamos rompendo essas pedras das
nossas relações? Como estamos possibilitando romper relações frias e distantes para a vida
nova da amizade?



Com cheiro de tantos e tantas pejoteiros e pejoteiras espalhados pelo Brasil e América
Latina, seguimos o caminho, confirmando o valor da amizade, que é sinal de vida, de Deus.



Pe. Maicon André Malacarne – Assessor da PJ na Diocese de Erexim/RS

Luis Duarte Vieira –Noviço Jesuíta e Militante da PJ




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