terça-feira, 12 de novembro de 2013

Síntese primeiro módulo - Civilização do Amor




SÍNTESE DO I MODULO - GERALDO PIRES

Nas etapas anteriores buscamos  conhecer-nos melhor, fazer a apresentação, dizer de qual lugar falávamos ou quais as experiências que trazíamos...   As partilhas foram nos ajudando a dar ‘identidade’ a cada pessoa da turma, revelando o lugar a partir de onde cada um/a fala, a formação que possui, a atuação que tem, as redes de relações estabelecidas, os valores que marcam a sua trajetória, as crenças e desejos... As partilhas foram identificando que somos um grupo que fala a partir do serviço chamado Coordenação, como também de um ministério chamado Assessoria. Conforme o curso avança, estas identidades vão orientando as expectativas, o olhar sobre determinado tema e as diferentes maneiras de olhar o que chamamos de Civilização do Amor.
Queridos/as Educadores/as de Jovens! Não há como negar que há uma renovação no perfil da assessoria e, mesmo assim, quando se assume o acompanhamento (mesmo sendo jovem) os olhares e as perspectivas mudam. Não há como negar: as gerações marcam o jeito de ser, ver o mundo e agir de cada pessoa em sua prática. Não há como dizer que a vida das juventudes ecoa da mesma forma tanto para assessores/as e coordenadores/as. Para quem ainda é jovem esta vida juvenil se manifesta de maneira e com nuances muito específicas. Para aqueles/as cuja juventude foi vivenciada em outros períodos a vida das juventudes ecoa de um jeito diferente, talvez marcado pela sua própria experiência de como ser jovem.
Na reflexão que fomos fazendo sobre as nossas origens (nome, lugar, experiência, referências), percebemos que algumas pessoas fazem a experiência de viver em cidades pequenas ou médias ou, até mesmo, na zona rural... Outros vivem em grandes centros urbanos... Boa parte da nossa turma vive no norte e nordeste onde o tempo, a economia e a cultura marcam fortemente as opções e práticas pastorais e educativas. Poderíamos  perguntar-nos o quão determinantes são, para a nossa prática, estas geografias e suas dinâmicas diferenciadas.  De certa forma o “nome” é sim, uma gaiola, em nossa cultura. Não somente o nome que recebemos no batismo, mas os títulos (nomes) que ganhamos ao longo da vida e que definem como nós seremos vistos. Um professor é visto de maneira diferente de um administrador de empresas, de um médico, de um gari e assim por diante.
Quando falamos em Civilização do Amor, uma expressão para Reino de Deus (grão de mostarda)  na perspectiva proposta pelo curso de “capacitar pessoas e fortalecer redes locais de educadores/as de jovens, dentro da perspectiva de participação e construção de Projetos de Formação; gerar espaços de diálogo e troca de experiências nos serviços de evangelização da juventude”, muitas reflexões podem ser feitas.
Por vezes, falamos em utopia, mas a utopia é algo possível ou somente imaginável? É algo para agora ou somente para o futuro? Por um longo tempo foi possível aceitar a explicação de que a única função da utopia era de nos fazer caminhar, mas essa teoria parece não caber num tempo em que se busca o imediatismo, no qual o tempo presente é o tempo para realizar e ser. É complicado tentar explicar para as juventudes de nosso tempo que há uma conceito/proposta cuja única finalidade é nos tirar do lugar.
Então, como propor novas formas dever e compreender o Reino de Deus, a Civilização do Amor e a utopia como atingíveis e vivenciáveis também em nosso tempo até que se concretizem plenamente? 
Pe. Hilário Dick, semana passada, na abertura de uma jornada de estudos na PUCPR, revelou que devemos ser boas notícias para a juventude em vez de querer somente sermos especialistas em juventude. O que isso nos revela? Em primeiro lugar é que a utopia e o Reino residem em nós. E nós já somos expressões do Reino e, portanto, Reino e Utopia são atingíveis,  vivenciáveis, possíveis desde agora. O que nos faz caminhar é o desejo de que o Reino e a Utopia sejam para mais pessoas e de forma mais plena. A segunda revelação da frase do Pe. Hilário Dick traz à tona a reflexão da Mercedes Budalles sobre a relação entre Reino de Deus e Bem Viver. Para que o Reino de Deus aconteça será necessária a subversão de uma lógica econômica e social. O Reino se torna utopia inatingível e inalcançável se quisermos “mudanças sem mudar nada”, ou seja, mantendo os mesmo padrões de vida, consumo, ritmo de vida, etc.  Gosto de uma figura que encontrei no Google na qual, num primeiro quadro, uma pessoa desafia a plateia:  “Levante mão quem deseja uma sociedade mais justa, melhores condições de vida, um planeta com maior qualidade de vida e o fim das injustiças”! Todos levantam a mão... Então, esta mesma pessoa pergunta à mesma plateia:  “Quem aceita abrir mão dos seus privilégios, do seu modo de vida, do seu padrão de consumo para que estas mudanças desejadas aconteçam?” O resultado é que ninguém levanta a mão...
Seguindo o conselho do Papa Francisco, vamos às periferias e façamos bagunça/movimento (lío), tais quais as quais  as manifestações do outono brasileiro, com milhões de jovens nas ruas; sigamos, também, sendo Igreja Jovem, saindo das sacristias para ir de encontro às juventudes para o exercício de escuta e de denúncia de um modelo de vida que está em colapso.
Sigamos cantando, com Violeta Parra e Mercedes Sosa  “Gracias a La Vida” pelos sinais do Reino que já são perceptíveis em nossas realidades, pelos grãos de mostarda que germinam e se tornam árvores vistosas.
No final desta segunda etapa e início do estudo do Documento Civilização do Amor: Projeto e Missão que tenhamos estas reflexões sempre vivas em nossos corações.
Forte abraço.
Geraldo Pires
Casa da Juventude do Paraná

Curitiba, 29 de outubro 2013.

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