quarta-feira, 18 de junho de 2014

Às juventudes que participam da 4ª Missão Jovem de Santa Catarina, em Caçador



Ninguém precisa explicar porque vocês estão ali
O amor se vive; não se explica.

Queridos e queridas,
Convidado a dizer-lhes alguma coisa por ocasião da 4ª Missão Jovem nas terras de Santa Catarina, quero dizer que estou saudando com vontade de estar lá, isto é, de estar com vocês. Sem grandes discursos, pensei em fazer quatro pequenas reflexões que podem ser úteis para todos, especialmente para as juventudes.

1.       A missão tem tudo a ver com a descoberta da saída. Segundo o livro do Êxodo, custou ao povo hebreu descobrir  que precisava reagir à escravidão do faraó. Precisou aparecer um jovem chamado Moisés, que não suportou o que seus olhos eram obrigados a ver, matou um egípcio e o enterrou na areia. É o que diz a Bíblia. Ser jovem é viver a grande aventura da saída da escravidão, do ensimesmamento, da lonjura do pobre e  do desencontro com o/a outro/a. A descoberta de sair de si mesmo; a descoberta do que é começar a amar. Amar é dar-se aos outros. Por isso o jovem começa a deixar a outra, o outro a entrar na sua vida e a felicidade toma novos sabores.

2.       A missão, como disse, tem tudo a ver com a consciência do êxodo. Ser jovem é viver a epopeia do êxodo. Mesmo que pareça que as tecnologias nos estejam ajudando a sairmos de nós mesmos e termos a impressão que estamos abraçando o mundo, parece que é fundamental recordar que fora do pobre não há salvação. Falo do pobre porque é o mais outro pelo qual Deus tem preferência. Por vezes temos que sair de nossos quartos para  ter que reconhecer que o pobre é real. Ele até pode estar frente ao nosso nariz, e não o enxergamos porque há “forças” que acham importante que  o pobre não seja só fadado a ser invisibilizado, mas a desaparecer. Ser missionário é gritar a plenos pulmões que nenhuma pessoa humana existe para sobrar.

3.       Ainda continuo convicto que uma das grandes conquistas de nossa humanidade é a autonomia. Ser jovem é convencer-se que somos feitos para sermos autônomos, empoderados, protagonistas. Não significa que somos feitos para sermos autossuficientes, “independentes”. Ser autônomo é descobrir a grandeza para a qual fomos criados; também a grandeza dos nossos limites. Todos  sentimos em nós a fome de referências e de pessoas que sirvam de exemplo e modelo; todos sentimos a fome da grandeza do que é ser limitado.  Continuo convicto que vocês sabem a enormidade da feiura da pessoa que se acha auto-suficiente,  gritando aos desertos que não precisa dos outros.

4.       Nunca podemos esquecer que o Deus no qual acreditamos é Trindade. Deus não está fechado em si. Ele é amor; é vida; é plenitude. Até podemos dizer que o Deus que move nossa fé é missionário. Até podemos dizer que somos missionários porque Deus é missionário. O encontrar o outro, a outra, o pobre, o universo bonito e feliz não é algo que vem de fora; é algo que brota do divino que mora em nós. Somos missionários porque é esta a vocação que quer brotar, sempre mais, em nós. Não há força que nos impeça disso, somente a nossa covardia e o nosso medo de sermos nós mesmos.




Descoberta
Consciência
Autonomia
Deus Trino em nós.

A todos e todas  um abraço, pedindo apoio para que as palavras se tornem prática e vida, todo dia.

P. Hilário Dick S.J

São Leopoldo, 17 de junho de 2014.

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