domingo, 10 de maio de 2015

Notícias de uma Comunidade Artística - uma experiência de acompanhamento da juventude empobrecida




Quero contar para vocês, em forma de relato, o que meus olhos viram: cuidado com a vida da juventude onde ela está e com atenção a seus gritos e necessidades.

Estive em Manaus nos dias 1 a 6 de maio. Foram vários encontros. Aqui quero partilhar o encontro com Jonatas Vicente, o Jon. Eu o conheci em Imperatriz/MA foi um tempo de partilha da vida e dos sonhos. Ele me contou do esforço de ser coerente, de não entrar na onda do consumismo, de não comprar coisas que estão apresentadas pelo sistema como fundamentais. Na época não tinha celular, nem computador. Ele jovem pobre poderia fazer um esforço e ter, porém assumiu viver com o mínimo.

Eu, Emanuel, Andreia e Lidiane fomos visitar sua casa na periferia de Manaus/AM. Ele pela manhã cuida da mãe que está enferma. Se dedica a estar com ela como uma missão e cuidado. Estava fazendo o almoço. Combinamos voltar a tarde.Encontramos falamos dele, da saúde da mãe, da vida...

Quando voltamos a tarde, deixamos a Lidiane na Universidade para seus estudos de Mestrado e, estávamos com Nelcy, uma religiosa que viveu quase 10 anos em Manaus, trabalhando com juventude, e agora quase 20 anos depois volta para atuar em uma comunidade. Fomos guiados por Andreia até uma das periferias bem distantes de cidades grandes.

Paramos em uma rua paralela e adentramos na Comunidade Artística. Lá dentro uma riqueza impressionante, produzidas por jovens da periferia, maltratados pelos sistema, gente da margem. Espaço uma sala e uma cozinha. Parece pouco. O lugar é um ponto. Onde se encontra uma resistência revolucionária que diz não aos sistema capitalista e diz sim a vida e a diversidade da juventude com sua criatividade.

Jon inicia nos mostrando cada objeto, diz do jovem que está atrás da obra, fala com conhecimento, diz da vida e dos desejos desta pessoa. Conta detalhes de cada pessoa que frequenta o espaço. E dos desejos que querem realizar. Conta-nos que neste espaço sem nenhum financiamento eles se organizam – produzem música, produzem artes gráficas – desenhos mais nativos e expressões do hip hop e outros desenhos. Arte em camiseta, produção de pinturas, construção de CD com as músicas autoral.... E fala do esforço de viver da arte e como entre eles compartilha e realizam em forma de solidariedade.

Escutamos, ficamos nos perguntando sobre aquele espaço. Uma pessoa determinada em cuidar da vida da juventude, enxerga um adolescente de uns 11/12 anos que desce do ônibus carregado de um feixe de cabos de vassouras. Percebe que o peso é demais, aproxima carrega e conversa para saber de que se trata e descobre que é a forma que o neto mantém a vida dele e da avó. E nos diz deste esforço de manter a vida.

Conta-nos de sua opção e fala da sua estética corporal e da estética dos jovens. Diz esta estética exclui dos ambientes comunitários, das Igrejas. E que aproxima ele dos jovens, até mesmo do jovens que vivem nas malocas e no tráfico de drogas, dizendo que este aproximam sem medo para partilhar seus dramas.

Tinha muita coisa para ver e outras tantas  para escutar. Claro foi um pouco mais de uma hora. O tempo é muito pouco. Fomos embora, deixamos Andreia e logo após a Nelcy. Emauel e eu fomos conversando sobre esta ação deste nosso amigo. Como que uma pessoa com tão pouca estrutura econômica,  sem apoio, apenas com uma ideia e suas capacidades artística pode fazer diferença no mundo? Como nós podemos aproximar para aprender? O que podemos fazer para fortalecer redes onde estas iniciativas possam recebem apoio econômico para poder continuar a cuidar da vida desta juventude?

E a partir daí, por onde passamos o Jon veio conosco, todo lugar o assunto era o projeto da Comunidade Artística. Como podemos aprender para aproximar da juventude? O que os jovens da periferia que vive na condição de excluído do sistema, que são exterminados, buscam para se organizar? Como a arte pode ser um caminho para a expressão de suas vozes para a transformação do mundo?

Emanuel me presenteou um disco Mc Vira Lata com várias músicas. Agora volto, ainda no avião, desejo partilhar esta experiência, quero continuar levando o Jon com sua coragem, com sua simplicidade e com sua capacidade criativa para pensar novos caminhos. Agradecer estas pessoas que comigo estiveram nesta aventura de aprendizagem.

Caso desejem conhecer e saber mais sobre a Comunidade Artística bastam curtir a página deles no face. Comunidade artística - curta  ajudem a divulgar.
06 de maio 2015, viagem a Manaus, carregada de encontros e descobertas, Carmem Lucia Teixeira



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