quarta-feira, 15 de julho de 2015

Congresso da Vida Consagrada - Bogotá 2015





Congresso da Vida Consagrada
Bogotá, 18 – 21 de junho de 2015

MENSAGEM FINAL

“Bem- aventurada, aquela que acreditou” (Lc 1, 45), Vida Consagrada, porque a Ruah divina fará surgir em ti uma nova forma de vida. 

1.   As/s participantes no Congresso de VC de América Latina e o Caribe dirigimos esta Mensagem às pessoas consagradas, aos nossos Pastores e a todo o Povo de Deus do que somos parte, com a esperança de que, por médio deste escrito, possam também experimentar os convites que o Espírito Santo nos fez para um maior compromisso na vivencia da nossa vocação. 

Realizamos o Congresso no contexto do ano da VC, convocado pelo Papa Francisco por ocasião do 50° aniversário do Concilio. Durante os dias do Congresso, escutamos a Deus onde a vida clama, reafirmamos nossas convicções e vislumbramos os “horizontes de novidade na vivência de nossos carismas hoje”.  Ao terminar este Congresso expressamos nossa solidariedade com as vítimas da violência e com o processo de paz em Colômbia. 

2.   Fatos significativos no Congresso. Alegramo-nos pelo posicionamento das Novas Gerações da VC e pela sua participação no Congresso. Sua palavra e seu trabalho, seus questionamentos e sua forças, desafiam às/aos mais velhos para olhar não para o passado, mas para frente, para novidade que Jesus nos promete. Com seu magistério e seu testemunho, Francisco nos motiva a criar a cultura da ternura e da misericórdia. Foi providencial que durante o Congresso se publicara a encíclica Laudato Si’, na qual o Papa nos convida assumir “o cuidado da casa comum”. Também, nos confronta e estimula a memória do beato Oscar Arnulfo Romero, quem propõe à VC uma forma concreta de ser profecia martirial, fiel ao Evangelho e livre de ataduras. 

3.   Betânia. A VC de América Latina e o Caribe, ao contemplar o ícone da comunidade de Betânia –Marta, Maria e Lázaro–, sentiu-se chamada por Deus para ser casa de encontro, comunidade de amor e coração de humanidade. Aqueles/as que participamos no Congresso, escutamos, como ditas a nós, as ordens que Jesus deu no contexto da ressurreição de Lázaro: “Tirem a pedra”, “saia para fora!”, “Desamarrem e deixem que ele ande” (Jo 11, 39.43-44). Queremos viver estes mandatos; somente assim poderemos acolher o reino do Abba, irradiar a beleza de seguir Jesus Cristo e experimentar o gozo do Evangelho. 

4.   Um antes e um depois para a VC. Este Congresso, em sintonia com o Vaticano II, nos proporcionou um impulso de ressurreição que levantará à VC do túmulo da nostalgia pessimista do passado e a impulsionará ao futuro, que é a vida nova no Resuscitado. A presencia de Jesus em meio da comunidade gera vida, alegria, missão, compromisso mutuo; cria pessoas ancoradas nele e ao Reino e não às obras e estruturas; gera, na Igreja e para a Igreja, uma VC renovada e resignificada, não de massa, mas de próximos que vivem a fraternidade num clima de amor, compaixão e misericórdia e são profecia do Deus de Jesus; uma VC que origina novos vínculos intercongregacionais e novos espaços que nos evangelizam com diversos rostos. 

5.            Horizontes de novidade. Dentre os diversos “horizontes de novidade na vivencia de nossos carismas hoje” que percebemos no Congresso, destacamos os seguintes:

a.      A Trindade é o modelo da nossa fraternidade; conduze-nos à unidade na diversidade, nos capacita para o diálogo e a reciprocidade, faz com que nossas relações sejam circulares e em igualdade.

b.      O seguimento de Jesus Cristo, desde a mística e a profecia, tem como horizonte o martírio, testemunho eloquente que é capaz de tocar o coração das outras pessoas e suscitar a conversão. Temos de recuperar a memória profética-martirial dos nossos povos.

c.      Uma resignificação dos conselhos evangélicos à luz do Verbo de Deus que se encarna e entrega sua vida na cruz, e da escuta da Palavra, levará a pessoa consagrada à liberdade, à gratiudade-gratidão e à compaixão. 

d.     A VC está chamada a partilhar espiritualidade, missão e vida com as leigas e os leigos, desde uma eclesiologia de comunhão, constituindo famílias carismáticas 

e.      Uma VC pobre e para os pobres, implica participar hoje “na revolução da ternura” (EG 88), “usar a medicina da misericórdia” (MV 4) e cuidar “a casa comum” (LS).

f.       A VC tem de sair da sua auto-referencialidade e de todo aquilo que lhe impeça o contato direto com o próximo.

g.      A intercongregacionalidade e as comunidades intergeracionais são desafios que exigem discernimento e criatividade, e que nos proporcionam a oportunidade de enriquecer-nos mutuamente, crescer e complementar-nos. 

h.      As culturas, a ecologia e a humanização são espaços nos quais a vida se vê ameaçada, espaços nos quais a VC deve estar presente e atuar.

6.            Fazer acontecer. Concluímos o Congresso com o coração ardente, porque percebemos o Espírito de Deus atuando em meio de nós. Tendo conhecido os convites a nos comprometer feitos pela Ruah divina, nos corresponde agora fazer com que aconteça a novidade da VC, ou mais exatamente, colaborar com a Ruah no surgimento de uma VC nova, participativa e prismática, não piramidal nem estática. É necessário impulsionar já esta colaboração; ser pessoas propositivas e ousadas, que “façam confusão” começado cada um/a por si mesmo/a, pelas nossas comunidades locais, pelas próprias congregações e conferencias. As intuições do Congresso são sementes que darão frutos só se passamos da teoria à prática. 

7.            Em marcha. “Saia fora”, disse Jesus a Lázaro. O Papa Francisco insiste em que “a saída missionária é o paradigma de toda obra da Igreja” (EG 15), e espera da VC que saia de si mesma “para ir às periferias existenciais”. Vamos, caminhemos em companhia de aqueles que lutam por um mundo mais justo e inclusivo, mais fraterno e mais alegre. 


Tiremos lhes à VC as faixas para que possa caminhar; tiremos lhe as faixas e caminhemos com Maria, que vá com prontidão a servir a sua prima Isabel. O encontro de estas duas mulheres foi o começo de algo novo, de uma vida fecunda e missionária. Saiamos e caminhemos com Maria, e façamos que a humanidade – João – pule de gozo, e que a criação – Isabel – fique cheia do Espírito Santo (Lc 1, 39 – 44).

Katiuska S. Nieves - tradutora do texto.

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